Afinal, o que é Saúde Mental?
Por: Lilian Tavares | 21 de outubro de 2024
Você sabia que um aspecto muito importante da vida saudável é a saúde mental?
Você cuida da sua saúde mental como cuida da sua saúde física?
Há grandes diferenças culturais que influenciam na definição do que é ser saudável mentalmente, e não existe somente uma versão, mas podemos utilizar a versão da OMS:
“Estado de bem-estar em que o indivíduo reconhece suas próprias habilidades, pode lidar com os estresses normais da vida, pode trabalhar de forma produtiva e frutífera e é capaz de contribuir com sua comunidade”.
O conceito de saúde engloba o bem-estar físico, mental e social. Desfrutar de saúde mental não significa somente a ausência de transtornos mentais, mas envolve uma série de fatores, entre eles os socioeconômicos, biológicos e ambientais. Podemos dizer que estar equilibrado cognitiva e emocionalmente é parte importante desse todo, levando-nos a viver de forma equilibrada somada a uma postura resiliente, caminho para que se possa apreciar a vida e ver o mundo.
Resiliente? Sim, a resiliência é um conceito que as ciências humanas herdaram da física, que determina a capacidade de certos materiais de deformarem sob ação de forças e retornarem a seu estado original. Ora, a capacidade de passar por situações adversas e voltar ao estado dito normal é uma das principais características da pessoa saudável mentalmente, que sabe se diferenciar dos demais e das pesadas exigências sociais, aprendendo a lidar com as experiências agradáveis e as desagradáveis do cotidiano, reconhecendo seus próprios limites e se fazendo adaptável (resiliente) para conseguir lidar com as próprias emoções e para saber a hora necessária de buscar ajuda.
Muitos não reconhecem os problemas mentais como sendo problemas de saúde, muitas vezes por preconceito ou medo de recorrer a um profissional que poderá ajudá-lo a olhar para suas próprias angústias e assim evitar uma provável evolução de um quadro de transtornos.
Existem muitos mitos a respeito dos problemas mentais. O senso comum batiza importantes transtornos como “frescura”, “doença de gente rica”, “preguiça”, “falta de vontade” e coisas do tipo, referindo-se, por exemplo, a sintomas típicos da depressão.
Há quem pense que o fato de uma pessoa ter um transtorno mental (e são muitos os possíveis diagnósticos – vide as classificações do DSM e CID) a faz incapaz para o resto da vida. São essas visões e julgamentos preconceituosos que em geral impedem um indivíduo de buscar a tão necessária ajuda por medo de ser vítima de estigmas e rótulos sociais, levando-o a ficar subdiagnosticado e, consequentemente, sem o tratamento adequado.
Vale lembrar que ter saúde mental não é garantia de ser feliz o tempo todo. Os sentimentos de tristeza, alegria e ansiedade fazem parte da vida de todos nós em alguns momentos, mas tentar reconhecer quando esses sentimentos estão tomando proporções indesejadas e difíceis de superar também é um exercício de autoconhecimento.
A saúde mental tem várias nuances, é importante não associá-la apenas a transtornos ou popularmente às “loucuras”; é fundamental reconhecer a necessidade que temos de cuidar de nossa saúde e enfrentar nossos problemas e dificuldades e continuar a nossa caminhada.
Enfrentando nossas mazelas
- Procurar aliviar a mente e mantê-la mais tranquila incluindo no dia a dia uma dose de atividades físicas que ajudam a desestressar, por exemplo, é excelente, visto que já se sabe que um nível elevado de estresse pode influenciar nosso comportamento através de alterações da memória, atenção e percepção.
- Experimentar uma alimentação mais balanceada que não sobrecarregue o organismo e o mantém mais saudável.
- Manter-se afastado de toxinas como cigarro, álcool e outras drogas.
- Envolver-se em atividades produtivas, que ajudam a manter nossos sentidos aguçados, exigindo esforços intelectuais que nos fazem sentir plenos e em desenvolvimento.
- Construir relacionamentos que acrescentam, que nos fazem mais fortes e com a autoestima elevada e com reciprocidade de afeto.
- Procurar desconectar-se do ritmo acelerado, sair para uma caminhada ao ar livre, ler um livro ou artigo, meditar, são medidas que podem ser consideradas por muitos como um luxo, mas que se praticadas com regularidade poderão poupar muitas pessoas de sobrecargas mentais que levariam ao desenvolvimento de transtornos de ansiedade e depressão.
Muitas vezes não se consegue fazer certas coisas que trazem prazer, como sair, bater papo com amigos e família, ter um hobby, viajar, já que para tais atividades a pessoa precisa estar bem. Há de se reconhecer, muitas vezes, que se faz necessário reelaborar algumas questões para voltar a usufruir plenamente e de forma positiva a vida, sem fugir daquilo que nos incomoda, eis uma tarefa que exige habilidade de adaptação às mudanças que a vida muitas vezes nos impõe.
Quando estamos bem conseguimos ser flexíveis para encontrar novos caminhos, mesmo nos momentos de adversidades. Mas quando estamos mal, nossas capacidades cognitivas como a concentração e a memória ficam prejudicadas, deixando a atenção dispersa e impedindo o encontro de saídas para os problemas. Outro aspecto que sofre alterações é o nosso humor, e aí nos vemos irritadiços, ansiosos e tristes.
Todos esses sintomas vão fazendo com que a pessoa perca o prazer nas atividades diárias, deixando de realizar adequadamente as coisas corriqueiras, como comer, dormir e se relacionar. Dependendo do grau das mudanças comportamentais, torna-se mais árduo o restabelecimento e será preciso o uso de medicações para que organismo volte a se compensar quimicamente.
Precisamos olhar para esse aspecto de nossas vidas com seriedade e carinho!
E você? Compartilhe aqui o que vem fazendo para cuidar da sua saúde mental.
Abraços fraternos
Lilian Tavares é psicóloga e gerontóloga social.